A Cerdeira recebe-nos dizendo que ali mora a tranquilidade. Convida a entrar, a atravessar um portal mágico, uma pequena ponte que nos faz duvidar se é de madeira ou de sonhos, levando-nos até à fonte, onde matamos a sede e despertamos sentidos.
Entramos e recebemos uma lição em arquitetura que deslumbra. As pequenas casas, feitas de xisto e madeiras da Serra, parecem ter escolhido os locais mais difíceis e recompensadores para nascer, decoradas pela flora que as abraça e conforta. As suas ruas, estreitas, constroem jogos de luz e de sombra, escondendo segredos em cada recanto. Aqui o vento não sopra, canta, guiando-nos pelos seus versos. Somos confortados em cheiros e aromas, que sempre estiveram lá.
Aqui juntam-se as Artes, as da construção da Aldeia e as que vivem no quotidiano da Cerdeira, transformando-a num local de criação artística permanente de elementos à solta. Integrada na Rede das Aldeias do Xisto, soube reinventar-se, sem perder a genuinidade.
Percorrer esta aldeia, protegida pela Rede Natura 2000, é um exercício físico e sensorial. A cada passo há um recanto, um beco, um elemento que não se sabe se ali foi colocado pelo Homem ou pela Natureza. Não há dissonâncias. Há o som da tranquilidade, da autenticidade. "